Ontem, testemunhas de defesa e os acusados foram ouvidos; defesa comemora depoimentos

O Fórum de Araraquara viveu mais um dia de tensão ontem, devido ao julgamento de dez acusados de fazer parte da chamada cracolândia do Jardim Brasil. O juiz da 3ª Vara Criminal, Celso Mazitelli Neto, ouviu os acusados e também as testemunhas de acusação e agora espera a argumentação da defesa e da promotoria para dar a sentença, que pode condenar os suspeitos por tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Das oito testemunhas arroladas, apenas três compareceram. O juiz deve proferir a sentença em até noventa dias, uma vez que muitas diligências ainda podem ser feitas para ajudar o magistrado a chegar a um veredicto.
Tráfico
A investigação da Dise aponta que, em dois quarteirões do Jardim Brasil, membros de uma mesma família e outros suspeitos faziam a comercialização de drogas na região. Até um estabelecimento comercial era utilizado para disfarçar o esquema criminoso. A região ficou conhecida como cracolândia, devido à grande quantidade de usuários que amontoavam-se pelas ruas, com o intuito de comprar ou fumar o crack.
Defesa
A estratégia dos advogados de defesa é mostrar para o Juiz que a maioria dos acusados era de apenas dependentes do crack e não tinham participação na venda do entorpecente.
A maior parte da droga foi encontrada em poder de uma mulher, que alegou perante o Juiz que uma pessoa, que também é ré no processo, deixou a droga na casa dela. O acusado, por sua vez, alega ter encontrado a bolsa com o crack em um terreno baldio e, quando viu a polícia, assustou-se, pulou o muro da casa da mulher e deixou a bolsa lá.
“Está claro que a operação foi executada com erros, indiciando usuários como traficantes e os depoimentos provaram isso”, disse Paulo Ortega, um dos advogados de defesa.
Operação ocorreu em 2011
Em 9 de setembro do ano passado, as polícias Militar e Civil estouraram a chamada cracolândia do Jardim Brasil, com a realização de uma megaoperação. Na época, 20 suspeitos foram levados à Dise para prestar esclarecimentos. Dez ficaram presos, entre eles um homem acusado de chefiar o comércio de drogas na região.
Nas vistorias em residências e supostos pontos de vendas de drogas foram encontrados dois quilos de crack, quantidade suficiente para produzir dez mil porções da droga e gerar renda de R$ 100 mil, além de outras 34 porções prontas para a venda, sete papelotes de cocaína e 40 gramas de maconha.
Junto com as drogas, a polícia encontrou R$ 4.080 em dinheiro, equipamentos eletrônicos, como notebooks, aparelho de DVD e caixas de som, além de relógios e joias. De acordo com o delegado da Dise, Gustavo Maio, o trabalho foi resultado de sete meses de investigação.